1 –
Praia dos Padres
Os antigos moradores da região
diziam que a praia era “assombrada”, pois escutavam pescadores conversando,
como se os barcos estivessem se aproximando e quando chegavam a praia nada viam
além de onda e água. Ao anoitecer escutavam pessoas falando e gritando, parecia
que a ela estiva cheia de veranistas. O mar subia tanto que no dia seguinte as
raízes das castanheiras pareciam dedos de uma mão velha e cansada – mãos de
bruxa.
Todos estes fatos estranhos
deixavam os moradores assustados. Para acabar com as assombrações, todo padre
que aqui chegava era levado a benzer e rezar a praia, originando o nome da
praia.
2 – Mulher Pata
Antigamente as famílias eram
muito numerosas. Quando nascia o sétimo(a) filho(a) do casal, segundo a
tradição o filho (a) deveria batizar a criança, se isso não acontecesse quando
o bebê crescesse: se fosse homem – nas noites de lua cheia virava LOBISOMEM e
se fosse mulher viraria MULHER PATA.
Ela ia para as pedras, se
escondia no mato, tirava a roupa e se contorcia fazendo com que as penas
surgissem. Quando a transformação se completava a PATA voava para o alto mar,
pousava no mastro dos barcos e ficava escutando a conversa dos pescadores.
Depois de escutar o que queria voava de volta para as pedras e se contorcia até
se transformar em mulher novamente, vestia a roupa e saia pela vila contando
tudo que havia escutado.
Quando os pescadores voltavam da
pescaria dias depois, ficavam intrigados ao verificarem que todos sabiam o que
haviam conversado em alto mar. Como era possível se todos retornaram juntos?
Começaram a observar que quando isso acontecia sempre uma pata havia pousado no
mastro do barco. Concluíram que era a MULHER PATA que havia feito a fofoca.
3 – Mãe-Bá
Havia em Guarapari uma grande
lagoa e as suas margens habitava uma tribo de índios que em determinada época
foi chefiada por uma velha índia chamada BÁ. Alem de chefe ela era curandeira,
protetora e conselheira de toda a tribo, e por isso era considerada a “mãe” de
todos, que em tupi-guarani é ESSÉ e significa “olhar por todos”.
Certo dia uma indiozinho adoeceu
e BÀ tentou curá-lo com pajelança, ervas e raízes, enfim todos os recursos
naturais de que dispunham, sem resultado. Apelou então para uma oferenda aos
Deuses da Natureza na lagoa. Pegou uma canoa e foi remando até o meio, de
repente algo de estranho aconteceu. Era como se os espíritos estivessem contra
ela, por tê-los desafiado. BÁ gritou aterrorizada, os índios foram até a lagoa
e viram a canoa virada e com marcas de sangue. Dias depois o corpo de BÁ
apareceu com marcas de violência. Os índios pegaram o corpo e cremaram,
conforme seus costumes e jogaram a cinza na lagoa. Depois disso, de acordo com
a história houve uma grande abundância de peixes na lagoa e em homenagem a
índia – recebeu o nome de “LAGOA de MÃE-BÁ.
4 – Mãe do Ouro
Segundo a lenda a Mãe do Ouro é
uma menina muito bonita, loira de olhos azuis e quem tiver a sorte de
encontrá-la, deverá cortar o dedo e deixar que três gotas de sangue caiam sobre
sua cabeça, para que ela se transforme em ouro em pó.
Antigamente, era necessário
buscar lenha para cozinhar, nas matas que cercavam as vilas e cidades. Contam
que um senhor de nome Manoel e mais três companheiros de Muquiçaba, foram
cortar lenha. Marcaram um ponto de referência para se encontrar na volta e cada
um seguiu uma trilha. O Sr. Manoel entrou na mata e deparou-se com uma menina,
muito bonita e bem vestida, que lhe perguntou o caminho, pois estava perdida.
Admirado ele lhe ensinou a trilha de saída, só que ela embrenhou-se mata
adentro, não lhe dando ouvidos. Ele a seguiu, mais de repente ela sumiu e o Sr.
Manoel acabou se perdendo e só depois de várias horas conseguiu sair e
encontrar os companheiros. Ao contar-lhes o que havia acontecido, deixou-os
indignados. Eles disseram: “Seu MINGUTA CAPELIDO” (uma ofensa que não consegui
entender ou esclarecer o significado) – “você encontrou a Mãe do Ouro, se
tivesse dado um pequeno corte no dedo e pingado três gotas de sangue nela – ela
se transformaria em ouro em pó. Nunca mais vamos ficar ricos, esta oportunidade
só acontece uma vez na vida.
5 – Escalvada
A Ilha Escalvada ou do Farol é
uma área de proteção ambiental.
Segundo os moradores ela é
encantada, pois em determinados dias ela se transforma em: barco, baleia, bolo
de aniversário, castelo, navio, tartaruga e outras formas. O curioso é que isto
acontece durante o dia e muitos já viram este fenômeno, inclusive a TV
Guarapari já gravou a Ilha se transformando.
6 – Tesouro dos Holandeses
Segundo a história um navio
holandês naufragou na costa de Meaípe, na época em seus habitantes eram os
índios. Alguns náufragos deram na praia e os índios encantados com a brancura
de sua pele, o azul dos seus olhos e o loiro dos seus cabelos, os receberam
como enviados dos Deuses.
Eles conseguiram trazer um baú
cheio de moeda de ouro e como não havia como usar tanta riqueza numa terra tão
selvagem, resolveram escondê-lo, enterrando-o em algum lugar na região. Até
hoje alguns se aventuram em procurar o tesouro.
7- A Sereia de Meaípe
A literatura das mais diferentes
culturas faz referência a sereias e elas são protagonistas de histórias,
lendas, poemas e canções desde há muitos séculos: de trechos da famosa Odisséia
que narra a história de Ulisses, herói grego e rei de Itaca, até os mais atuais
desenhos animados exibidos nas telas de cinema e televisão.
Sereias compõem o cenário de
histórias dos primeiros habitantes do Brasil- os índios- sob a denominação de
Mãe d`Água ou Iara- tecidas, contadas e repassadas à luz da lua ao atento olhar
de crianças e adultos.
Certamente, nos recônditos da
memória de quase todos, com em um relicário, acham-se guardadas as mais belas
histórias de sereias.
A história da Sereia de Meaípe é
singela e comovente como todas as belas histórias e encontra-se perpetuada não
somente pela tradição oral como também pelo registro literário de autores como
Maria Stella de Novaes, Fausto Teixeira, Lindolfo Gomes, Rodrigo Campaneli -
capixabas, em sua maioria.
Suas raízes remontam à época da
colonização do Espírito Santo, quando seu solo era palmilhado por pés dos
índios goitacás.
Diz a lenda que um navio
holandês naufragou em águas capixabas e alguns sobreviventes aportaram em
Meaípe, lançados à praia pelas ondas e abraçados a pedaços de madeira. Os
silvícolas os receberam como dádivas dos deuses do oceano, não apenas por serem
jovens, mas por terem os cabelos do sol e os olhos do mar.
Os sobreviventes passaram a
usufruir a hospitalidade dos índios e, aos poucos, foram se inteirando de sua
língua, seus costumes, suas crenças. A miscigenação foi conseqüência natural da
convivência e da adoção da nova terra e do novo povo e muitos deles se casaram
com aquiescência do cacique goitacá.
Entretanto, um dentre os
náufragos não pretendia viver em Meaípe e excursionava pelo litoral capixaba em
busca da civilização. Certa vez, avistou uma linda moça em meio às ondas.
Era uma visão fascinante sob os
raios da lua que se refletiam em seus longos e sedosos cabelos e prateavam as
águas cristalinas.Ao tentar se aproximar, ela mergulhou e, de longe, passou a
entoar uma linda e estranha cantiga, desaparecendo depois.
O rapaz que se chamava Augusto
ficou encantado pela moça e permaneceu no local determinado a reencontrá-la. A
sereia, pois era uma sereia- reapareceu e dessa vez, conversou com ele e disse
chamar-se Mariana. Contente, Augusto tentou se aproximar mais e mergulhou,
nadando em sua direção. Mariana gritou-lhe que não o fizesse porque sabia que a
Mãe-d´àgua jamais aceitaria um relacionamento entre ela e um ser humano. Mas
Augusto não lhe deu ouvidos e foi arrastado para as profundezas, tendo sido
transformado numa rocha pela Mãe- d´água.
Mariana, debulhada em lágrimas,
passou a noite sobre a rocha entoando tristes canções. No entanto, no dia
seguinte, sabedora de que Augusto ficara amigo do pajé da tribo, Mariana o
procurou e contou o que acontecera. O pajé explicou que nada poderia fazer
porque o feitiço só poderia ser desfeito pelo próprio Augusto. Como Mariana
considerava isso impossível, já que Augusto estava petrificado, pediu ao
feiticeiro que a transformasse em um ser humano.
Recebeu uma poção das mãos do
pajé, tomou-a e adormeceu a ao acordar viu que sua cauda foi substituída por
lindas pernas.
Mariana logo se acostumou à nova
situação e passou a dar longas caminhadas pela praia. Um dia um siri a viu, a
reconheceu e espalhou a novidade pelos sete mares. Quando a Mãe-d´àgua tomou
ciência da transformação de Mariana, ficou furiosa e partiu para Meaípe,
montada em seu cavalo, em busca da sereia rebelde. No entanto, os deuses
protegem amantes e, ao se aproximar velozmente da pequena praia, seu cavalo
tropeçou lançando-a sobre uma pedra. Augusto, em troca, teve de volta sua forma
humana, e, como em todas lindas histórias, casou-se com Mariana e foram felizes
para sempre.
Compilado de Thiago
Corradi