A mentira e a
atribuição de culpa são tão básicas a sociedade que é difícil
estudá-las de maneira formal. George Lakoff, na crítica de certas afirmações que George W. Bush fez antes da invasão do Iraque de 2003, observa que
Elas são mentiras —ou meros exageros, declarações desorientadoras,
enganos, excessos retóricos e assim por diante? Os linguistas estudam tais assuntos. A descoberta
mais surpreendente é que, para se considerar se uma declaração é uma mentira, a
consideração menos importante para a maioria das pessoas é se ela é verdadeira!
As considerações mais importantes são: Ele acreditava nisso? Ele tinha intenção
de enganar? Ele estava tentando ganhar alguma vantagem ou prejudicar alguém?
Essa é uma questão séria ou trivial? É "apenas" uma questão de retórica política? A maioria das
pessoas irá conceder que, mesmo que a declaração seja falsa, se ele acreditava
nela, não estava tentando enganar, e se não estava tentando ganhar vantagem ou
prejudicar ninguém, então não houve mentira. Se for uma mentira a serviço de
uma boa causa, então foi uma mentira social. Se for baseada em informações
falhas, então foi um erro honesto. “Se estava lá apenas para ênfase, então foi
um exagero.”
Essas desculpas figuram entre as defesas da administração. A boa
causa: libertar o Iraque. A informação falha: da CIA. A ênfase: o entusiasmo
por uma grande causa. Embora haja evidência de que o Presidente e seus
conselheiros sabiam que a informação era falsa, eles podem rechaçar o uso da
palavra com M. As falsidades foram reveladas e elas, em si mesmas, não importam
muito para a maioria das pessoas.
O filósofo Leo Strauss, que teve uma grande influência sobre várias
personalidades no Projeto para o Novo Século Americano que dominou a
administração durante esse período, estressou a necessidade de mentir a fim de
ocultar uma posição estratégica, ou para auxiliar a diplomacia. Da mesma forma personalidades anteriores na filosofia política de Nicolau Maquiavel a "nobre mentira" de Platão.
Parece extremamente
improvável que a mentira seja algum dia inteiramente eliminada da política ou
da diplomacia, da mesma forma que não possível removê-la da guerra que essas atividades são, em última instâncias, criadas para
ajudar a impedir de ocorrer.